Eu nunca imaginei que um dia isso pudesse acontecer. Não que eu seja uma daquelas pessoas que acha que nunca nada de ruim vai me acontecer. Mas é que um dia eu andava num lugar que achava seguro. Claro que era um espaço que algumas vezes tinha seus desníveis. Simplesmente porque isso é absolutamente normal.
Só que um dia, nesse exato lugar, eu acabei tropicando. Um dos meus lugares favoritos tinha me feito tropicar. Desequilibrei-me de tal forma que uns objetos caíram por cima e levantar a poeira do chão. O mais engraçado é que eu não tinha percebido que ela poeira estava ali. Nos últimos meses, eu passara por ali como se nada diferente tivesse acontecido.
Comecei a espirrar. Mesmo assim, eu insistia em achar que tava tudo e dizia a mim mesma que aquilo não iria me incomodar. Que nada! Virei a noite pensando que eu devia dar um jeito naquele lugar, antes que ele me consumisse. Antes que tudo aquilo virasse uma bagunça muito maior e me afetasse muito mais.
Só que simplesmente eu não conseguia encarar aquela situação. Aqueles objetos caídos, misturados com a poeira e arranhados devido à repentina batida no chão, me fizeram começar a achar aquele lugar não mais tão especial.
“Como foi que apareceu aquele desnível?”. Era só nisso que eu pensava. No princípio, achava que alguém tivesse o colocado de propósito. Porém, eu já não me fazia presente ali há algum tempo. Aquilo deve ter se criado sozinho!
As conseqüências do tropeço? Dor. Muita dor. Tristeza. Chateação. E o irônico é que não era só comigo. Outras pessoas acreditavam na segurança e nas qualidades daquele mesmo lugar. Todos, inclusive eu, começaram a ‘pegar implicância’. Não sei se um dia voltarei a pisar naquele recinto como eu fazia há alguns dias. Vai ser difícil. Os outros diziam o mesmo. Eu vou esperar. Vou esperar se a poeira baixa. Vou esperar para ver se os objetos, mesmo arranhados, vão se ajeitando.
Nada vai ser do mesmo jeito. Nunca volta a ser quando algo é arranhado. Quando alguém é ferido. Quando o sentimento de apreço começa a terminar. É difícil, mas eu tenho outros portos seguros que me prometeram que não irão desnivelar. Pelo menos não de forma tão grave quanto este desnivelou.