COBERTO DE FARRAPO

Espaço para juntar retalhos e vestir personagens de alguns contos.

Renata não se sentia bem fazia alguns dias. Nada tinha mais graça. Nada a fazia rir. Nada parecia mais fazer sentido. Levantou-se para mais um dia árduo de trabalho. Sem grande expectativa de que seu dia poderia ser diferente dos outros, arrumou-se como quem vai levar o lixo para a rua.

Chegando ao trabalho, trombou com Augusto:
─ Bom dia!
─ Pra mim não tem nada de bom!

Augusto nem tentar puxar qualquer outro assunto. Apenas admirou-se com o mau humor da colega. Foi a primeira vez que Renata havia lhe dirigido tamanha estupidez.

─ Tu viu a Renata? – perguntou Augusto.
─ Por quê?
─ Fernando...cara...ela ta muito estranho.
─ Estranha de que jeito?
─ Tchê, sei lá. Tu que é tri amigo dela, vai lá ver o que ta acontecendo e depois vem aqui me contar.

Fernando ainda tinha umas pendências do dia anterior para resolver. Não queria para tudo. Sabia que se fosse falar com Renata, eles acabariam brigando. Sua amiga sempre teve o sangue quente e teimosia. A típica capricorniana. Há poucos meses, os dois tiveram um caso e por isso Fernando conhecia bem o gênio da moça.

Além disso, pensou que pudesse ser algo a ver com futebol. Renata amava assistir a todos os campeonatos. Talvez ela tivesse nervosa pelas últimas partidas do Internacional, seu clube do coração. Mesmo assim, o rapaz não conseguia tirar da cabeça a fala de Augusto para que fosse conversar com ela. Pensou, então, em chamá-la para almoçar. Assim eles poderiam se falar com mais calma.

─ Oi, Renata!
─ Fernando, hoje não tô com saco.
─ ...
─ Sério, fala logo. Desembucha. O que tu tá querendo?
─ Só queria te chamar pra almoçar. Por minha conta. Topa?

Depois de um longo suspiro, Renata resolve aceitar. Os restaurantes da redondeza não eram lá muito baratos e essa seria uma forma de economizar.

A manhã parecia se rastejar. Todos na empresa pareciam meio abatidos. As vendas não iam muito bem no primeiro semestre do ano, mas isso não seria motivo para Renata estar daquele jeito tão estranho. Fernando já nem conseguia mais se concentrar nos negócios. Decidiu que por volta das 11h30, desceria até a sala da amiga para que fossem para o intervalo.

De repente, o seu telefone toca.

─ E aí?
─ E aí o quê?
─ Falou com a guria?
─ Cara, me liga depois do almoço. Tenho que terminar umas coisas aqui...
─ Sério, Fernando, fala logo com ela. Hoje acordei com um mau pressentimento!
─ Guto véio, para com essa palhaçada. Já tô nervoso e tu ainda fica me falando essas baboseiras.
─ Não é baboseira. É uma constatação. Tá, vou para de te encher, mas depois não diz que não te avisei.

Fernando não queria admitir, mas estava tão ansioso quanto o colega. Logo que o relógio da sala marcou 11h27, o amigo de Renata desceu as escadas o mais rápido que suas pernas permitiam. Quando chegaram ao restaurante, Fernando tentou quebrar a tensão do momento.

─ Viu, não liga!
─ Não ligar para o quê?
─ O Inter vai ganhar do Corinthians.
─ Sim, e agora além de analista de marketing tu também viraste vidente.
─ Calma!
─ Tô calma.

Renata começa a ter uma crise de choro. Os clientes nas mesas próximas começaram a lançar olhares de condenação a Fernando.

─ Cretino, o que tu fez pra ela? – disse uma velhinha.
─ Porra, não te mete, velha chata! – respondeu Renata.

Os amigos largaram o valor em dinheiro suficiente para pagar a conta e pensaram que dar umas voltas para conversar seria uma boa idéia. Os dois entraram em silêncio no carro de Fernando. Renata colocou um cd do Kleiton & Kledir. Sua música preferida era Paixão. A jovem programou no repeat.

─ Que letra linda! – exclamou Fernando.
─ Demais, não é?
─ Rê?
─ Quê?
─ Me conta o que tá acontecendo...

Renata deu um beijo próximo aos lábios de Fernando. Surpreso, Fernando entrou numa rua deserta e estacionou. Começaram a se beijar carinhosamente. Foram para o banco traseiro do veículo e Renata percebeu a empolgação do amigo. Amaram-se. Amaram-se loucamente. Amaram-se como nunca o tinham feito mesmo quando mantinham um caso secreto, pois era contra as normas da empresa.

Na volta do almoço, cada um foi para sua respectiva sala. Augusto, mais atento à movimentação das pessoas do que aos seus afazeres, vai até a sala do amigo.

─ E aí?
─ De novo, cara. Muda a pergunta, toda vez que tu vem falar comigo é isso agora! VAZA! – esbraveja Fernando.

No dia seguinte, Renata não foi trabalhar. Fernando, naquele dia, passaria todo o expediente tratando negociações com clientes e só foi informado da ausência no happy hour.

─ Putz, tenho que ligar pra Renata!
─ Isso, liga pra gente saber o que aconteceu...
─ Augusto, tu é foda cara, só quer fofocar!

Fernando, ao invés de ligar, decide ir até o apartamento de Renata. Como tinha a chave e ela não atendia à porta, achou que não seria imprudente. Adentrou chamando pela amiga. Ouviu o chuveiro ligado e dirigiu-se ao banheiro. Chamou mais uma vez por Renata. Não obteve resposta alguma.

Assustado, arrombou a porta. Encontrou Renata no chão, sentada e desacordada. Bateu no seu rosto, na tentativa de que recobrasse a consciência. Voltou à sala e chamou uma ambulância. Ao lado do telefone, encontrou um bilhete:

“Não quero ficar na tua vida
Como uma paixão mal resolvida
Dessas que a gente tem ciúme
E se encharca de perfume
Faz que tenta se matar...”

23 farrapos:

D+ guria!
Baaaah eu amei o verso;
“Não quero ficar na tua vida
Como uma paixão mal resolvida
Dessas que a gente tem ciúme
E se encharca de perfume
Faz que tenta se matar...”

Bah muito show a história.,
E o verso no fim.. Bom hein??

Augusto chato daquele jeito soh podia ser gremista. Era?

Abraço.

Nossa, que texto louco, cara!! Eu não entendi direito, mas...ela tentou se matar, é isso? Eu, hein?XD
Adorei o verso no final, tb!!
Beijos

Achei meio esquisito,mas não achei ruim não.
Talvez tivesse ficado melhor se você tivesse feito uma descrição mais detalhada dos personagens,tipo,quem é quem,quem gosta do quê.
Enfim,só uma sugestão.
www.garrafaaomar.zip.net

Legal a tua história...

tem continuação ou antecessores desse ??

Adorei o texto!
Comecei a ler e logo me envolvi com a trama,
o desfecho então,foi surpreendente imaginava qualquer outro final menos este.

Fiquei tão emplogada com teu blog que
resolvi linka-lo.
Espero anciosamente por novos textos!
Boa sorte e muito mais sucesso!
Bjos!

legal...
mas meio mórbido...rs
a moça nem coversou com ele...
rs
gostei do di´logo...deu pra imaginr como é aí no sul...

e vai dar Inter, ctz...hehe

abraços

http://surfinsantoss.blogspot.com/

queeeee texto mais lindo vivis!
sério mesmo, tu leva jeito pra essa vida de futura escritora!

parabéns pelo novo blog!
Beijoos!

Nossa que final trágico coitada da Renata.

BLOGdoRUBINHO
www.blogdorubinho.cjb.net

Adorei sua história! Uma crônica muito gostosa de ler ;)

http://anacarolinolandia.blogspot.com/

Adorei seu conto, tem margem para continuar.
Espero que o Corinthians ganhe o Inter amanhã. rsrs.
Kledir Ramil estava em estado de graça quando fez a música Paixão. é uma das músicas que mais gosto.

ai que gauchíssimo esse texto! haha
de qualquer jeito, bem legal. parabéns

um bom texto. bem descrito e envolvente.
parabéns.

Aguardo sua visita:
http://menumulher.wordpress.com

Nossa, muito foda sua forma de escrever, fiquei entretido no texto! Adicionarei aos feeds...

Visite:
http://papeisriscados.blogspot.com/
&
http://www.twitter.com/PCNxD

kleton & kledir?!?!?!

o.O

pqp...

o texto eh bom.. eu gostei.. mas, KLEITON E KLEDIR!!!

o.O

Hahaha. Um retalho, bem amarado pode um dia vir a se tornar uma colcha.

http://blogcafeexpresso.blogspot.com

http://aindamaisestorias.blogspot.com

mto bom, amei
vc tem talento
q tal um conto de misterio??

Euu gosstei da história. Sooh achei um pouco dramatiica. Faltou naturalidade e realidade. Mas são coisas que se aprendem
Abraços!

Meio bruta a Renata hoje

www.blogdorubinho.cjb.net

O texto dá margens para muitas imaginações, não sei se esse era o objetivo do conto. a ultima frase: "Faz que tenta se matar..." significa que ela estava fingindo ou ela realmente se matou? Fica por conta do leitor?
A insistência do Augusto, principalmente a parte do pressentimento é um pouco exagerada, ajuda a formar curiosidade, mas as pessoas, nesse ponto, já estavam curiosas o bastante. Eu já estava.
Gostei do Texto, é uma boa história, mas pode melhorar. (espero que veja isso como um comentário bom. Prefiro receber comentários assim, ajudam...)
Fica com Deus - Bons Escritos para você.

Estou gostando dos seus contos também. Apareça sempre!!

Começa parecendo uma breve crônica, mas depois fica longo demais para isso, salvei nos meus favoritos para terminar de ler depois, e aí sim poderei comentar melhor.

Beijos!

Já está na hora de lançar o livro, viu?
Parabéns.

Pois é.
Como disse antes, não custa nada vc alimentar suas pretensões :)

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