COBERTO DE FARRAPO

Espaço para juntar retalhos e vestir personagens de alguns contos.

Era um dia frio do rígido inverno gaúcho. Devia ser por volta das cinco da tarde quando Luis saiu para comprar algo que o realmente deixasse bem alimentado. Entrou no supermercado com o nariz vermelho pelo frio. Esfregava as mãos uma na outra antes de retirar as luvas. Logo depois, pegou um cestinho, já que um carrinho seria muito grande para suas compras básicas da semana.


Dirigiu-se até o corredor das massas. Uma bela macarronada cairia bem numa noite de sábado. Não hesitou pensando na quantidade de carboidratos. Estava em plena forma e vigor. Nenhuma de suas namoradas jamais reclamara do seu fôlego e pique. Aproveitou e pegou o extrato de tomate, o queijo ralado. Voltou à seção de frutíferos para pegar uma salsinha. Pronto. O restante dos ingredientes já tinha em casa devido à compra da semana anterior.


Faltava o toque especial: um belo e bom vinho. Luis seguiu ao corredor das bebidas alcoólicas. Lá, não encontrou uma variada carta vinícola. Encontrou sua mais recente paixão. Aquela que faz qualquer um ‘tremer na base’. Isso não seria nada se a bela Amanda não estivesse acompanha do namorado.


Enquanto o casal era observado escolhendo o vinho ideal para uma noite romântica, Luis se deprimia. A idéia de passar a noite na cozinha preparando uma refeição para si perdera a graça. Seu coração não queria apenas ser aquecido por uma taça de vinho. Seu coração desejava uma mulher saboreando um delicioso vinho tinto enquanto se deixava seduzir por tolices ao pé do ouvido.


O jovem apaixonado simplesmente parou em frente à gôndola das bebidas e ali permaneceu. Seus olhos não conseguiam desviar da beleza de Amanda. Nem a movimentação típica de um sábado à tarde desviava sua atenção. Ele só queria uma oportunidade para convidá-la a uma noite regada a vinho e, quem sabe, alguma brincadeira de adulto.


De repente, Luis sentiu um vento passando por ele. Era sua amada cumprimentando e desejando-o um bom final de semana. Ela tinha um olhar sedutor que encantava qualquer homem. Enquanto o namorado terminava de fazer as compras do mês, Amanda jogava conversa fora com Luis. Conversavam sobre o trabalho, a faculdade, a família e os amigos. O coração de Luis batia tão forte que o homem até transpirava de calor.


Amanda, ótima observadora desde criança, dava ainda mais abertura para um convite de Luis. Ela comentava enfaticamente que o namorado teria que viajar nos próximos dias e que ela teria que passar a semana cozinhando macarronada sozinha. Luis então se sentiu à vontade em chamá-la para sua casa.


No exato instante, o tal namorado reaparece como quem surge das cinzas. Amanda, exemplarmente atenciosa, apresenta os rapazes. O namorado de Amanda sugere que o jovem vá visitar o casal e pede que Amanda escreva seu telefone e endereço num papel. Nada poderia ser mais fácil e perfeito. Luis guardou o papel como se fosse sua própria vida.


À noite, Luis, numa excitação inenarrável, prepara sua bela macarronada e degustando um delicioso vinho francês. Enquanto se recordava das curvas de Amanda, recordou-se também do papel com o telefone e endereço. Para sua surpresa, ao abrir o papel, não havia nada escrito. Nada. Nenhum um rabisco. A Luis restou apenas ficar na lembrança do perfume e beleza de sua amada. Enquanto isso, o jovem rabiscava no papel de Amanda, sua canção favorita de Roberto Carlos:

“Se os dois souberem
Nem mesmo sei o que eles vão pensar de mim
Eu sei que vou sofrer mas tenho que esquecer
O que é dos outros não se deve ter”

13 farrapos:

Sacanagem o papel estar vazio =//

Mas mesmo assim é um texto belo.
Beijão

Seu blog se parece com o meu. Gostei!

passa no meu

http://dinarteassuncao.blogspot.com

Que lindoooo²²²
Já passa das uma da manha e a minha atenção se mentinha intacta, irreverente, totalmente escravizada pela forma suave que vc escreve!

Adoreei!
Passo aqui mais cedo pra ler outros!
PERFEITÃO²² !

Putz, que brexa com o Luis! hehehe
Mas, ela namorava, isso não seria legal.
Enfim, muito legal a histórinha, seria mais emocionante se ela tivesse dado o telefone e eles tivessem marcado o encontro, rolava até uma história quente! hahaha.

Beijos.

Não esperava o papel vazio...É a segunda vez que passo por aqui e me vejo querendo ler mais seus textos, parabéns... :)

L.J
www.oquemeinferniza.wordpress.com

putz sacanagem não ter nada no papel

O cruel é que a gente não precisa de nuvens e de frio pra sentir assim. Mesmo no sol e no meio do cerrado às vezes a gente ainda congela por dentro.

poxa, como gostei do seu blog! adorei o conto, muito legal. :)

olah legal a historia,bonito o blog..adorei....parabens viu
Beijocas volto mais vezes

Gostei do conto. Mas o final foi frustrante. Mas gostei.

Brincadeira... você sabe mesmo prender o leitor!

Oi Vivica, muito bom o texto. Até a hora em que ele admira a ex-namorada me identifiquei bastante com o protagonista. Não seria tão cara de pau de convidar a ex sabendo que ela tá namorando (risos).

Beijos!

Olá, tudo bom? Me apaixonei pelo seu blog, você tem um estilo de escrita muito bom e o final do seu conto foi super original. Parabéns! Tal qual o personagem, também tenho vivido desilusões amorosas... hehehe realmente é muito triste amar alguém comprometido com outro, pior ainda é quando essa pessoa dá falsas esperanças, brinca com os sentimentos, é infiel... enfim, parabéns pelo conto, eu gostei bastante
beijos

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